Re Publié, le 02 sept. 2025 - 21:45:33

François Vieira
PhotoJournaliste accrédité* UE
*1999 - 2024
Membre du Syndicat des Journalistes à Lisbonne
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Winston Churchill
1874-1965
Herói ou vilão ?

António Manuel Pereira da Costa Pinto
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Parece haver uma franja da sociedade Inglesa pródiga em elogios e entusiasta da sua obra, que lhe atribue com todos os encómios à mistura, o título de "salvador da pátria, da Europa e até da civilização"; de outro lado encontra-se uma outra componente menos atreita ao elogio, que não só o não enaltece, como o critica apontando-lhe erros de lesa majestade como o que ocorreu em 1931 quando apelidou Mahatma Gandhi de "faquir seminu", expressão que a India nunca terá esquecido...
Personalidade multifacetada (foi político, militar, jornalista, escritor - prémio Nobel da Literatura em 1953), controversa, carismática, dotada de uma capacidade de trabalho fora do comum, continua ainda hoje a ser "odiado" pelos seus detratores e "amado" pelos seus correligionários.
É verdade que, ao longo da sua vida pública, dir-se-á que muito fez para acicatar as emoções e antipatias que o envolveram desde 1900, data da sua entrada no Parlamento Britânico, até à sua morte aos 90 anos. Desde a sua entrada naquele órgão como jovem membro conservador aos 25 anos, Churchill não se cansou de fustigar e satirizar o próprio partido, fazendo da deslealdade o seu lema e a sua estratégia de autopromoção; desertou posteriormente para os Liberais e, embora tivesse regressado ao redil, muitos conservadores viam-no como um oportunista sem escrúpulos, irracional e absolutamente perigoso. Para ele, escolher um partido era como escolher um cavalo: "escolhe-se a montada que nos consegue levar mais longe e mais depressa". Foi assim que saltou do partido conservador quando o viu moribundo: montou o cavalo liberal e, quando este estava às portas da morte, voltou a saltar para a garoupa conservadora. Ninguém, antes ou depois, usou de tamanha deslealdade.
É, de facto, de pasmar que ao longo da sua extensa vida política (cerca de 7 décadas), a longevidade de que gozou nesta área tenha sido e continue a ser um barómetro de referência que os seus apaniguados amiúde apontam como qualidade intrínseca do homem que adulam. Porém, mesmo os que o consideravam brilhante viam-se muitas vezes confrontados com a sua aparente falta de discernimento, a tendência para um entusiasmo desmedido e mesmo para a histeria.
Ao ter dito que "na guerra uma pessoa só pode morrer uma vez, mas na política uma pessoa pode morrer várias vezes", estava a caricaturar-se a ele mesmo: Churchill é o protótipo mais sonante e longevo que se pode encontrar num ressuscitado da política. Sofreu derrotas enormes, quedas abruptas, foi enxovalhado(no inicio da carreira foi considerado indigno de confiança por Lord Derby e Theodore Roosevelt disse que era "gente ordinária"), escorraçado vezes sem conta, mas depois de deixar acalmar as ondas revoltas que o encharcaram até à medula, voltava à carga primeiro a trote e depois a galope, a fim de alcançar os objetivos a que a sua ambição desmedida o incitava. Não desdenhava de se meter em apuros e de se envolver em situações perigosas(esteve debaixo de fogo várias vezes) desde que daí adviesse algum proveito que enaltecesse a sua pessoa.
Alguns anátemas que os seus detratores lhe apontam como a vaidade, a ambição, a falta de tato, de ser narcisista, de tudo manietar desde que a sua figura se enriquecesse, foram confirmados por vários autores que sobre ele escreveram: consideravam-no ainda excêntrico, excessivo e desabrido.
Todavia não se pode olvidar o quanto contribuiu para moldar o mundo: este antigo Primeiro Ministro (PM) foi decisivo na fundação do Estado-Providência, no início do século XX. Contribuiu para que os ingleses tivessem centros de emprego e subsídio de desemprego, exigiu que os sindicatos fossem imunes a ações jurídicas e que não fossem multados, mesmo em caso de violação da lei durante as suas ações.
Em 1917 apoiou o alargamento do direito de voto a todas as mulheres com mais de trinta anos. Em 1908 aprovou uma lei laboral destinada a apoiar os trabalhadores de baixos rendimentos; proibiu o trabalho infantil; diminuiu as penas de prisão, baixou a idade da reforma dos 70 para os 65 anos, foi paladino da distribuição da riqueza e em síntese, foi sempre muito solidário com os pobres e trabalhadores.
Deu provas de bravura em várias contendas em que esteve envolvido enquanto militar. Desde Wellington(bem conhecido na história Portuguesa), que nenhum Primeiro Ministro prestara tanto serviço militar ativo. Cabe-lhe a distinção de ter sido o único PM que esteve debaixo de fogo em quatro continentes. Não havia nada que ele exigisse às Forças Armadas Britânicas que ele próprio não tivesse feito e, inventou a Força Aérea Inglesa(RAF) e o tanque militar.
Em 13 de maio de 1940 foi nomeado Primeiro Ministro (só foi eleito PM em 1951) através de jogadas políticas em que o Parlamento de então era fértil, tendo levado o Ministro Rab Butler a dizer "a boa e sã tradição da política inglesa foi vendida ao maior aventureiro da história política moderna. Rendermo-nos a Winston Churchill e à sua ralé foi desastroso e era evitável porque se hipotecou o futuro do país".
Winston Churchill acertou em cheio quando no verão de 1940, falou de uma Europa a mergulhar "no abismo de uma nova idade das trevas, que as luzes da perversão científica tornavam mais sinistras e talvez mais duradoura".
Churchill teve de ser tenaz ao enfrentar a classe dominante britânica que era fértil em apaziguadores e pró-nazis em virtude de temerem mais o bolchevismo e a ideologia comunista do que Hitler. Aliás, viam o fascismo como uma barreira contra "os vermelhos". Após vários discursos, conseguiu mobilizar o país, após ser alvo de crítica generosa de uma parte considerável do povo britânico. Churchill encontrou na guerra as palavras para falar diretamente ao coração do povo.
Diz-se que Churchill exagerou o grau de ameaça da invasão a fim de promover a coesão nacional e mobilizar o país. Não deve ter sido bem assim porque no dia 19 de Julho, Hitler discursou no Parlamento Alemão e propôs à Grã-Bretanha a escolha entre a paz e "sofrimentos e desgraças intermináveis".
Foi ele que dirigiu pessoalmente as operações durante a Segunda Guerra Mundial, de uma maneira que hoje nos parecerá completamente alucinada.
Churchill falava ao mais profundo da alma das pessoas com uma linguagem pungente, quando a Grã-Bretanha estava sozinha, quando o país lutava pela sobrevivência, tocando-as e confrontando-as como nenhum outro político teria conseguido.
Todavia e depois de seis longos anos de guerra, o povo Britânico, não lhe reconheceu a auréola que julgava possuir. Precisavam de uma linguagem nova, de uma nova visão para a Grã-Bretanha do pós-Guerra. E isso, um Churchill exausto e amarrado a certos preconceitos, não lhes podia dar e por isso contra todas as expectativas, perdeu as eleições.
Na manhã de 21 de Julho de 1945, visitou Berlim para assistir a um desfile de vitória. Hitler estava morto. O bunker do Fuhrer estava em ruínas, e todo o aparelho nazi desmantelado.
A Europa pode então alimentar a esperança de uma nova era de paz e democracia graças ao contributo inestimável de Churchill.
A sorte ajuda os audazes e, ele foi audaz.
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*Lic. Ciências Sociais - Sociologia
Educação Física e Desporto
*Lic. Sciences sociales - Sociologie
Éducation Physique et Sports
Credenciado - Accrédité : UE
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